"Évora é o melhor exemplo de cidade da idade de ouro portuguesa após o terramoto de Lisboa de 1755" (IV). "Só a paisagem urbana de Évora permite compreender, hoje em dia, a influência exercida pela arquitetura portuguesa no Brasil e em sítios como Salvador da Bahia" (II).
Zona inscrita: Centro Histórico de Évora Ano de inscrição: 1986 População atual: 4.738
Fundação: anterior (ou refundação) romana Justificação: Relatório da 10ª sessão do Comité Ref.: 361

C-II: Testemunhar uma troca de influências considerável durante um dado período ou numa área cultural determinada, sobre o desenvolvimento da arquitetura ou da tecnologia das artes monumentais, da planificação das cidades ou da criação de paisagens.
C-IV: Excelente exemplo de um tipo de construção ou um conjunto arquitetónico ou tecnológico ou paisagístico ilustrando um ou mais períodos significativos da história da humanidade.
Cidade do interior de Portugal, Évora localiza-se numa encruzilhada de 3 bacias fluviais. Situada a 140kms a este de Lisboa, está erigida sobre uma colina que domina a planície alentejana.
Évora, importante cidade romana de nome Ebora Liberalitas Julia, situava-se num cruzamento de vias na província da Lusitânia.
Após as invasões bárbaras, Évora encontrou-se sob o domínio Visigodo, ocupando o espaço delimitado pela muralha romana modificada.
A cidade foi conquistada pelos muçulmanos (715) que melhoraram as suas fortificações.
A reconquista cristã (1165) integrou Évora no reino independente de Portugal. Foi o início de um período de desenvolvimento que se estendeu até ao séc. XVI. Sob a Casa de Avis (1385-1580) foi considerada a segunda cidade do reino, depois de Lisboa. No séc. XVI Évora alcançou a sua idade de ouro. Foi a época das grandes realizações arquitetónicas. Foi igualmente a época das grandes expedições marítimas portuguesas.
No séc. XVII construiu-se um sistema defensivo tipo Vauban. No séc. XVIII foi encerrada a Universidade e expulsos os jesuítas, cuja projeção intelectual e religiosa tinha sido importante desde o séc. XVI. Foi a decadência de Évora.
A planta da cidade, fixada nas suas grandes linhas no final da Idade Média, desenvolveu-se de forma radial, desde o cimo da colina. Algumas praças da cidade (Giraldo e Porta de Moura), situadas no limite do núcleo antigo, caraterizado por um traçado irregular, foram o ponto de partida de eixos urbanos que estruturam o conjunto e têm prolongamento para a região, através da rede de caminhos.
Entre esses eixos, o espaço urbano é preenchido com redes de ruas estreitas, quase sempre em linha reta e cuja orientação varia de um conjunto para outro.
Fecham a cidade três muralhas sucessivas (romana-goda, medieval e baluartes seiscentistas).
Entre as muralhas e os vestígios das muralhas bordeados por jardins, uma arquitetura de casas baixas e brancas, cobertas com telhas ou com açoteia, dá unidade à malha urbana.
Ferro forjado e azulejos conferem ao conjunto uma maior coerência.
Numerosos palácios e conventos (nalguns casos de granito), de inspiração manuelina, datam do século XV e XVI.
O século XVI é caraterizado por grandes obras de arquitetura e urbanismo, tais como o aqueduto antigo, construído em 1537 e as numerosas fontes.